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são paulo
muita. calma.

buenos aires
croc. croc. croc.
talvez nenhum barulhinho do mundo seja mais delicioso do que as folhas crocantes, caídas das suas árvores, sendo esmagadas pelas minhas botas. eu sempre gostei ainda mais de você no outono. aquele vento que bate no rosto da gente enquanto caminhamos. e ele nem briga com o sol brilhante. é uma convivência harmoniosa e intensa, igual a um passo de tango.
no outono, além da temperatura perfeita, parece que um café com medialunas fica com um gosto diferente. me conecta com um sentimento real de lar, de doce, de lar de novo.
lar é diferente de casa. e passear pelas suas ruas planas, com calçadas largas e bem feitinhas, faz eu me sentir em uma piscina com borda infinita para os melhores pontos de vista que eu ainda vou ter.
lar traz conforto. e seu asfalto, coberto com florzinhas violetas na primavera, me faz ter dúvida sobre qual estação do ano é mais cômoda de estar.
lar traz aprendizado. e você tem a teoria e a prática. na teoria, é a cidade que mais tem livrarias por habitante no mundo. na prática, habitou um dos períodos mais desafiadores da minha vida. e, talvez, é assim que melhor eu possa definir um lar. não é você que mora nele. ele vive em cada cômodo de você. bota a mesa pra você se servir. faz a cama pra você se deitar. bagunça tudo pra você arrumar.
pois quando eu quero me sentir na casa que preciso organizar, é pra você que abro as portas, as janelas secretas, as gavetas com os caderninhos novos empilhados. daí, me imagino em uma mesinha ao ar livre, estudando a vida passar no outono mais bonito. e, de repente, uma folha bem grande vem descendo de uma árvore lá do alto e pousa em cima da minha parte preferida do texto que escrevi. eu a pego com cuidado, amasso com as mãos e ela se esfarela de uma vez só entre meus dedos.
croc.
talvez nenhum barulhinho do mundo seja mais delicioso do que as folhas crocantes, caídas das suas árvores, sendo esmagadas pelas minhas botas. eu sempre gostei ainda mais de você no outono. aquele vento que bate no rosto da gente enquanto caminhamos. e ele nem briga com o sol brilhante. é uma convivência harmoniosa e intensa, igual a um passo de tango.
no outono, além da temperatura perfeita, parece que um café com medialunas fica com um gosto diferente. me conecta com um sentimento real de lar, de doce, de lar de novo.
lar é diferente de casa. e passear pelas suas ruas planas, com calçadas largas e bem feitinhas, faz eu me sentir em uma piscina com borda infinita para os melhores pontos de vista que eu ainda vou ter.
lar traz conforto. e seu asfalto, coberto com florzinhas violetas na primavera, me faz ter dúvida sobre qual estação do ano é mais cômoda de estar.
lar traz aprendizado. e você tem a teoria e a prática. na teoria, é a cidade que mais tem livrarias por habitante no mundo. na prática, habitou um dos períodos mais desafiadores da minha vida. e, talvez, é assim que melhor eu possa definir um lar. não é você que mora nele. ele vive em cada cômodo de você. bota a mesa pra você se servir. faz a cama pra você se deitar. bagunça tudo pra você arrumar.
pois quando eu quero me sentir na casa que preciso organizar, é pra você que abro as portas, as janelas secretas, as gavetas com os caderninhos novos empilhados. daí, me imagino em uma mesinha ao ar livre, estudando a vida passar no outono mais bonito. e, de repente, uma folha bem grande vem descendo de uma árvore lá do alto e pousa em cima da minha parte preferida do texto que escrevi. eu a pego com cuidado, amasso com as mãos e ela se esfarela de uma vez só entre meus dedos.
croc.

cidade do méxico
“em cima estava o sol, em cima era másculo, calor, tempo seco. embaixo era a região escura, de brilhos lunares. embaixo era puro feminino, frio, tempo de chuvas. mas nada estava completamente e para sempre de uma única maneira. a noite era escura, mas ainda brilhavam as estrelas e sobretudo os astros. o dia era luz, mas havia um pouco de escuridão em cada sombra, nas cavernas e no bosque. no tempo de secas ainda brotavam alguns mananciais, corriam mais estreitos os rios. no tempo de chuvas, havia colinas secas e algumas ervas daninhas queimadas pelo sol. a vida era essa oscilação permanente dos opostos: as forças do sol e a seca, quase dominando, mas sem derrotar totalmente as forças úmidas. e vice-versa. o movimento e a vida resultavam da passagem de um oposto a outro, sem que nenhum triunfasse totalmente em nenhum momento. porque em cada um continha ao menos uma diminuta parte do seu contrário.”

cinema argentino

cartazes

uruguai
foto: @luligambelli

cinema de rua em sp + neon

chile

peru
fazia frio e o ar era duro.
entrava pouco e não tocava quase nada dentro.
pra quê ar, as pupilas pensavam.
ele vai se perder totalmente quando a gente chegar lá em cima.
cada parte parecia ofegante, um pouco pela ânsia de chegar, muito pela altitude.
toma mais água, eles ouviam.
e se calavam atentos, para distinguir, entre os sons dos turistas, a melodia leve de uma flauta.
houve um arrepio e não foi mais de frio.
quando os cílios se tocaram em várias piscadelas apressadas e, finalmente se distanciaram, deu pra entender que era mesmo inexplicável.
e aí ficaram molhados. suaram de emoção.
é assim, então, o sagrado?
é assim quando o sol reina absoluto, mesmo quando sai fumaça dos lábios?
é assim que se maravilha, todos pensaram, mas não disseram em voz alta.
apenas se acalmaram e se sentaram reflexivos.
fazia silêncio e a pedra era dura.
entrava pouco e não tocava quase nada dentro.
pra quê ar, as pupilas pensavam.
ele vai se perder totalmente quando a gente chegar lá em cima.
cada parte parecia ofegante, um pouco pela ânsia de chegar, muito pela altitude.
toma mais água, eles ouviam.
e se calavam atentos, para distinguir, entre os sons dos turistas, a melodia leve de uma flauta.
houve um arrepio e não foi mais de frio.
quando os cílios se tocaram em várias piscadelas apressadas e, finalmente se distanciaram, deu pra entender que era mesmo inexplicável.
e aí ficaram molhados. suaram de emoção.
é assim, então, o sagrado?
é assim quando o sol reina absoluto, mesmo quando sai fumaça dos lábios?
é assim que se maravilha, todos pensaram, mas não disseram em voz alta.
apenas se acalmaram e se sentaram reflexivos.
fazia silêncio e a pedra era dura.

cuba
foto: @cubareporter

panamá
e mais neon.
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